domingo, 31 de maio de 2015

Parasitologia Clínica - Métodos parasitológicos de fezes


Método de Lutz ou Hoffman Pons & Janer: é uma técnica de sedimentação espontânea da matéria fecal diluída em água, para concentrar os ovos de helmintos. Consiste em desfazer na água uns 5 gramas de fezes ou mais; coá-las, através de gaze, em um cálice cônico para sedimentação e completar seu volume com água. As partículas mais densas coletam-se rapidamente no fundo (vértice) do cálice. Recolher com pipeta Pasteur a porção inferior do sedimento para exame ao microscópio, entre lamina e lamínula.
Além de muito econômico, a possibilidade de utilizar amostras fecais bem maiores que com outros métodos torna-o recomendável quando a eliminação de ovos pelos pacientes é muito pequena. Também quando se quer comprovar se os ovos estão vivos, ao serem expulsos, o que indica infecção ativa.

Método de Kato: É, ainda, o mais utilizado nos serviços de saúde, principalmente com as modificações que o tornaram uma técnica semiquantitativa (método de Kato-Katz).
Ele tem por fundamento a clarificação de uma pequena amostra fecal (41,7 mg) por uma mistura de glicerina e água (a 50%) que impregna lamínulas recortadas em celofane molhável (que pernoitaram previamente na mistura glicerinada). Após uma ou mais horas de contato, a glicerina clarifica as fezes, facilitando a visualização dos ovos de Schistosoma.
Inconvenientes deste método são a baixa capacidade de encontrar os ovos nas infecções leves (só detectando 1/3 dos casos positivos quando o paciente elimina 10 ou menos ovos por gra- ma de fezes (nas infecções leves iniciais ou em pacientes que pouco se expõem ao risco de infecção) ou nos casos crônicos (com fibrose intestinal pronunciada)
A clarificação apaga a estrutura do ovo, não permitindo saber-se se ele estava vivo ou morto. Não se aplica pois para o controle de cura.
Seu uso rotineiro é também responsável por ocultar as infecções por outros parasitos, como os ancilostomídeos, enteróbios, estrongilóides, várias tênias e os cistos de protozoários, que de- saparecem com a técnica de Kato.

Método de Stoll para Contagem de Ovos: Para medir uma quantidade fixa de matéria fecal e diluí-la numa razão conheci- da, utiliza-se um frasco de tipo Erlenmeyer que traz duas marcas de gargalo (frasco de Stoll): uma indicando o volume de 56 ml e outra o de 60 ml. Pode-se usar igualmente uma proveta graduada de 100 ml, com rolha, em lugar do frasco de Stoll (e tomar como referências as marcas de 70 e 75 ml).

1) Preencher o frasco com soda 0,10 N até a marca inferior, isto é, até 56 ml.
2) Colocar as fezes até que o conteúdo do frasco alcance a marca superior (60 ml).
3) Introduzir no frasco de Stoll uma dezena de pérolas de vidro, arrolhar bem e agitar vigorosamente.
4) Deixar agir a soda durante uma hora ou mais, para clarificar a preparação, e tornar a agitar fortemente. Obtém-se, deste modo, uma suspensão homogênea, onde a diluição da amostra fecal é de 1 para 15.
5) Imediatamente após a agitação, pipetar 0,15 ml da suspensão, colocá-la sobre uma lâmina, cobri-la com lamínula (22 por 40 mm) e levar a preparação ao microscópio para contagem (este deve possuir platina móvel).
6) Percorrer toda a área da lâmina, contando o número de ovos de determinada espécie aí existente.

Para que a contagem seja correta, é importante que nenhuma parte do campo fique sem exame e que não se passe duas vezes pela mesma região da lâmina.
O número de ovos contados deve ser multiplicado por 100 para que se tenha a média por mililitro ou por grama de fezes.

Método de Rugai: Baseia-se no hidrotropismo e no termotropismo das larvas e na tendência destas a sedimentar, quando se encontram na água.

1) Envolver o recipiente, sem tampa, em gaze dobrada em duas e colocá-lo com a abertura voltada para baixo em um cálice de sedimentação.
2) Encher o cálice com água aquecida a 45°C, até que o nível de água alcance a massa fecal contida no recipiente emborcado.
3) Uma hora depois, pipetar o sedimento que se acumulou no vértice do cálice de sedimentação, colocá-lo em uma lâmina ou em vidro de relógio e examinar ao microscópio ou à lupa.

Método de Faust: É uma das técnicas mais utilizadas. Preparar inicialmente uma solução de sulfato de zinco a 33%, cuja densidade é igual a 1,180. Proceder como segue:

1) Desmanchar a amostra fecal em água, na proporção de 1 para 10 partes, aproximadamente, utilizando-se água filtrada para evitar a contaminação com protozoários de vida livre.
2) Filtrar, através de gaze dobrada em quatro, para um tubo de centrífuga e centrifugar a 2.500 rotações por minuto (rpm), durante um minuto.
3) Decantar o sobrenadante, ressuspender o sedimento em água e centrifugar novamente. Repetir esta operação até que o líquido sobrenadante fique relativamente claro. Em geral, bas- tam três lavagens.
4) Decantar a água da última lavagem e ressuspender o sedi- mento na solução de sulfato de zinco.
5) Centrifugar. Nesta operação, dada a densidade do meio, os cistos de protozoários e algumas espécies de ovos de helmintos passam a flutuar e concentram-se numa película fina, situada na superfície do líquido sobrenadante.
6) Com uma alça de platina, cujo aro estará disposto perpendicularmente ao cabo, tocar levemente a superfície do líquido para que a película, aderindo à alça, possa ser removida e transportada para uma lâmina de microscopia. Repetir este procedimento umas quatro ou cinco vezes.
7) Adicionar à preparação uma gota de Lugol a fim de tornar os cistos e suas estruturas internas mais visíveis, cobrir com uma lamínula e examinar ao microscópio (aumento médio ou grande, a seco).


Fonte: REY., and Luís. Parasitologia, 4ª edição. Guanabara Koogan, 2008.

Nenhum comentário:

Postar um comentário